segunda-feira, 29 de novembro de 2010

“Cidadão de bem” tem mesma essência que “Vagabundo”? Que isso Einstein!

Já dizia Albert Einstein que somos feitos da mesma matéria que as estrelas.
E eu concordo. Somos todos filhos do grandioso Universo, prenhes de todas as possibilidades.
Somos heróis e bandidos, bons e maus, carregamos 24 h por dia em potencial a vontade de sorrir, de gozar, de beijar, de matar, de bater, de violentar, de gritar, de acolher e de acarinhar. Tudo junto e misturado, e seguimos nossas vidas: "T'Amu Junto" diria desta vez o polivalente artista Suniá Torres.
Nestas tendências infindáveis que atravessam nosso cérebro e corpo em forma de fluxos e refluxos, úlceras, cócegas no estômago, quentura por detrás das orelhas, aceleramento cardíaco, tremedeira, leveza e suadouro entre outros, se revelam nossos múltiplos sentimentos e pensamentos a nos denunciar e gravar na nossa história quem somos e o que viremos a colher.
Neste abate e caça aos "vagabundos" cariocas que passa em rede nacional como se fosse um filme de ação de Hollywood, "os cidadãos de bem" urram, batem palma, se emocionam e sentem tesão inflamado com a demonstração de força desproporcional de 1.300 homens e mulheres (não despropositadamente homens em sua maioria e visão de mundo) "do Bem" e "da Ordem" atrás de 600 "vagabundo(a)s", acreditando na lógica cartesiana de que podemos maniqueistamente nos separar "como joio do trigo" dos últimos. Afinal de contas, pagamos nossas contas, lutamos para alimentar nossas famílias, sem jamais nos corrompermos com o jogo do bicho ou o caça-níquel da esquina, os DVDs baratos da pirataria ou subornar o "guardinha" para não ter o carro guinchado, nem muito menos batemos "de leve", afinal "um tapinha, um empurrãozinho e um rochinho não doem" em mulheres que provocam a ira masculina depois e mesmo antes de qualquer copinho de cerveja, ou de uma branquinha, ou de um baseadinho que compramos ali na boca sem maldade. Afinal são todos estes males menores. E que contundentemente não têm nada a ver com a gente, uma vez que não temos culpa se dvs são caros, se jogos do bicho e máquinas caça-níqueis são negócios de fachada para máfias armadas, se não estávamos com a documentação - caríssima por sinal - do carro em dia e os guardas são corruptos, se tem mulher "que merece porrada", e se o Estado e a sociedade(nós) hipócritas não nos deixam fumar nosso baseadinho, cheirar nosso pózinho em paz, e se o meu, o seu, o nosso dinheiro financia os traficantes que hoje queremos ver virar tiro ao alvo isto não tem mesmo nada a ver com a gente. Aliás, eu nem faço nenhuma das coisas acima listadas, só meus amigos é que fazem, e aí minha conivência moral é que muito menos vai ter alguma coisa a ver com isso, afinal em "vida de marido e mulher não se mete a colher" e já dizia mamãe que é sempre melhor, para a preservação do bom convívio social fingirmos que somos "surdos, cegos e mudos". O que não é problema meu, é problema do outro, ainda que este outro esteja conectado ao meu day by day.
Ahhhhhh, mas aquela adrenalina emocionante, que me sobe por dentro, me faz brilhar os olhos e ser vibrador da desgraça alheia, ahhhhh esta não faz mal mesmo. Afinal sentar vidrado em frente à TV para ver "vagabundo" morrer não me faz um monstro sanguinário, afinal eu sou "cidadão de bem", e o sentimento de gozo com o sofrimento alheio, com a barbárie, com a carnificina é o máximo que me faz chegar perto de ser da mesma matéria que o primeiro.

E ainda tem gente que a esta altura do texto não deve ter entendido a citação de Einstein.
Maravilhosa humanidade que nos faz mais dos mesmos!!!

2 comentários:

  1. De fato a gente vibra quando morre um vagabundo. A gente vibra com a vilolência quando ela passa longe da gente na tela da tv. Só esquecemos que os próximos podem ser, eu ou você. Aí os outros vão vibrar quando eu ou você reagir. E matar ou jmandar matar um puto desses. E o Círculo continua girando e crescendo.
    Vai vendo!

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