domingo, 30 de novembro de 2008

Que queres de mim?
Isto importa? Vezes não, vezes sim
Que quero para mim?
É o que verdadeiramente importa? Digo que isto é que sim.
Se posso lidar com meu querer de forma linear e bem resolvida
Isto já não sei, ou não saberia responder
Mas quero querer de uma forma que possa preencher minha vontade de ter
Você, ele, eu, vocês e nós
Todos nus de desfarces e representantes de uma só voz
Que expressa toda sua vontade de ser escutada e atendida
Em seus infinitos reclames
Contudo não quero queimar num mar de enlameada larva vulcânica
de paixões mal elaboradas em chamas de desejos constantes

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Busca de Mim

Seria mesmo fácil, se não fosse imperativo conhecermos a nós mesmos
Se não fosse tarefa das mais precisas desvendar nossos próprios mistérios
Para ao nos conhecermos, melhorarmos nossas perspectivas e ampliarmos
nossos horizontes
Ainda que com dor, porque é sempre preciso superar os desafios para desfrutar
do crescimento vindouro
Seria como ouro se atravessar o deserto do auto-conhecimento
fosse um passeio nos bosques floridos da sapiência pré-adquirida
Nenhum conhecimento vem sem construção ativa
Sem entrega das nossas almas nesta empreitada de desbravamento da vida
Eis que nos ergamos para a secura das feridas, a gélida e insólita caminhada
que é encarar-se no espelho
Não há como deixar nada de lado ou fora
Tudo faz parte desta reportagem de um só produtor, diretor, ator, cenografista
Que monta seu próprio espetáculo monológico de estruturação
Do Self, do Eu revisitado e conquistado em cada um dos passos desta jornada
Sem precedentes
É verdade, tornamo-nos muito mais prudentes com esta viagem
Que não tem data certa para findar porque é eterna

domingo, 16 de novembro de 2008

Divagando (1)

Envolvida em ardentes tramas de paixão
Traçadas a forte nanquim sombreado
Suspiro profundamente o desejo do amor saboreado
A cada momento, nutrido de pensamento e reflexão
Queria ter você aqui, de verdade, mas mais do que isso
Queria controlar meus sentidos e a afetação que eles sofrem ao te ver
Queria me conter, às vezes, por outras gostaria apenas de lançar-me ao seu encontro
Livre de entraves, de contratempos e algarves
Não queria me envolver, mas vejo que desde o início já estava visto
Que isso não seria possível, nem mesmo imaginável
Tudo já se anunciava desde o início
Mas por que tivera de ser assim?
A diferença agora é justo essa, hoje tenho dentro de mim
A força de querer desvendar o sentido do nanquim
Deste enredo que se inscreve, escreve e transcreve em mim, em ti
Em outros que absortos assistem e participam de todo este tecido de sentidos
A serem por fim autorados, demasiado explorados e arrancados pela raíz
Para fluir em nossas vidas expressas, descobertas, expostas, enredadas
Neste mar sem fim, de ondas celestes, de instrumentos de intérprete
De sentimentos, segredos, revelações e medos que nós deixamos ir
E libertamos sem maldade, mas com coragem e assunção da realidade
Que se impõe sem piedade, mas nos ensina a encarar nossas pendências, nossas histórias ainda por serem finalizadas, construídas, interadas, assumidas e sobretudo vividas
Sem dor ou sofrimento mas com o olhar atento de quem agora sabe muito mais de si
E assim pode se relacionar com o mundo fora afora sem se reprimir ou punir, sem negar ou fugir,
sem machucar ou magoar, mas com a vontade de amar a essência real de todos os fenômenos
A vida que emerge eterna em cada momento raro que encontramos a verdade em nós
E podemos num ato de integração total compartilhá-la e sermos mais