domingo, 16 de novembro de 2008

Divagando (1)

Envolvida em ardentes tramas de paixão
Traçadas a forte nanquim sombreado
Suspiro profundamente o desejo do amor saboreado
A cada momento, nutrido de pensamento e reflexão
Queria ter você aqui, de verdade, mas mais do que isso
Queria controlar meus sentidos e a afetação que eles sofrem ao te ver
Queria me conter, às vezes, por outras gostaria apenas de lançar-me ao seu encontro
Livre de entraves, de contratempos e algarves
Não queria me envolver, mas vejo que desde o início já estava visto
Que isso não seria possível, nem mesmo imaginável
Tudo já se anunciava desde o início
Mas por que tivera de ser assim?
A diferença agora é justo essa, hoje tenho dentro de mim
A força de querer desvendar o sentido do nanquim
Deste enredo que se inscreve, escreve e transcreve em mim, em ti
Em outros que absortos assistem e participam de todo este tecido de sentidos
A serem por fim autorados, demasiado explorados e arrancados pela raíz
Para fluir em nossas vidas expressas, descobertas, expostas, enredadas
Neste mar sem fim, de ondas celestes, de instrumentos de intérprete
De sentimentos, segredos, revelações e medos que nós deixamos ir
E libertamos sem maldade, mas com coragem e assunção da realidade
Que se impõe sem piedade, mas nos ensina a encarar nossas pendências, nossas histórias ainda por serem finalizadas, construídas, interadas, assumidas e sobretudo vividas
Sem dor ou sofrimento mas com o olhar atento de quem agora sabe muito mais de si
E assim pode se relacionar com o mundo fora afora sem se reprimir ou punir, sem negar ou fugir,
sem machucar ou magoar, mas com a vontade de amar a essência real de todos os fenômenos
A vida que emerge eterna em cada momento raro que encontramos a verdade em nós
E podemos num ato de integração total compartilhá-la e sermos mais

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