domingo, 5 de outubro de 2008

O luar negro e belo que ilumina com força e nitidez os meus caminhos
Igualmente irradia o mistério da noite que ainda chega
Anuncia os arrepios de sussurros e suspiros de amor,
terror ou ardor

Febril de paixão ou irruptivo de explosão
Sou vulcão em plena atividade até que
as larvas ainda quentes de minha vida

Vão encantar e aquecer com a beleza do fogo
outras formas de vida

Sou quem brilha com o cicatrizar de cada ferida
Sou quem regojiza-se com o despontar de cada nova vitória
Sou quem visualiza a oportunidade de estar manifesta
De quem faz de seu corpo a própria festa sagrada,
contemporizada, alastrada
por todos os poros
Eu canto, eu rio, gargalho e por vezes até que choro
Mas sobretudo comemoro cada instante
otimizado nesta luta de forças contrastantes

que compõem o drama de ser eu mesma
e viver minha própria história

Em última análise o que faço agora e toda hora
é criar a memória de ter sido o que fui neste exato instante
e em todos os outros que este sucederão em analogia

Sigo a poesia, o manifesto, a fantasia,
a responsabilidade de ser livre

De deixar para a posteridade a imagem do sonho
que acalentei e moveu minha vida

Sou enfim este luar negro que adentrou esta passagem despretensiosa
mas cheia de sentidos a serem pesquisados,
desmontados e remontados

Negro como o nanquim que define o tracejar do artista
Compositor de sua própria obra
Persisto e insisto em mim

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