terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pára!

Pára o mundo que eu quero descer.
Quantas vezes não temos esta sensação, este obtuso desejo de mudar o compasso planetário?
Daí algumas e alguns como eu decidem recorrer aos recursos literários
Quem sabe a verborragia dá vasão ao rio de emoções que parecem nos sufocar?
Quero florescer, dar flores e frutos.
Quero alvorecer, enrubecer, viver de prazer profundo em existir.
Quero ir até o fim, persistir
Quero ver da Lua toda a Terra una
Quero ser a musa de todo poeta
Quero estar nua de todas as intervenções externas
Quero fazer uma construção interna
Quero ser mais. Quero paz.
Mas paz ativa, na coexistência harmônica com o todo.
Quero tudo novo denovo.
Quero expandir o meu mundo de ovo e encontrar os outros
Num re-encontro de diamantes e ouros, que se lapidam sem jamais se corroerem uns aos outros
Quero gosto, quero gozo, quero o moço.
Não quero mais tanto alvoroço, nem caroço em angú.
Não quero pus nem sangue pisado.
Quero amor amado, tempo passado na obsolecência
Quero presença no agora de qualquer hora que me abre o portal da eternidade
Para os três mil mundos num único instante de existência.

2 comentários:

  1. Como relatar?
    Muito, muito bom!!
    Quero recitar no próximo sarau dos Ratos D´Versos, se você me permitir é claro. Um texto, um poema desses tem quer recitado a plenos pulmões.
    Adorei!

    ResponderExcluir
  2. Seu texto nos remete às lembranças mais simples daquilo que outrora desejávamos e que na verdade ainda desejamos. Lembro-me de um dos aforismos de Goethe em que o mesmo citou que "o homem deseja tantas coisas e no entanto precisa de tão pouco."
    Acredito que essa vida de tantos quereres faz parte de tudo aquilo que está diretamente associado as nossas vontades existenciais, fruto de nossa herença cultural e dos sentimentos mais "nobres" aflorados pela "alma" humana.

    ResponderExcluir