terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Pára!
Quantas vezes não temos esta sensação, este obtuso desejo de mudar o compasso planetário?
Daí algumas e alguns como eu decidem recorrer aos recursos literários
Quem sabe a verborragia dá vasão ao rio de emoções que parecem nos sufocar?
Quero florescer, dar flores e frutos.
Quero alvorecer, enrubecer, viver de prazer profundo em existir.
Quero ir até o fim, persistir
Quero ver da Lua toda a Terra una
Quero ser a musa de todo poeta
Quero estar nua de todas as intervenções externas
Quero fazer uma construção interna
Quero ser mais. Quero paz.
Mas paz ativa, na coexistência harmônica com o todo.
Quero tudo novo denovo.
Quero expandir o meu mundo de ovo e encontrar os outros
Num re-encontro de diamantes e ouros, que se lapidam sem jamais se corroerem uns aos outros
Quero gosto, quero gozo, quero o moço.
Não quero mais tanto alvoroço, nem caroço em angú.
Não quero pus nem sangue pisado.
Quero amor amado, tempo passado na obsolecência
Quero presença no agora de qualquer hora que me abre o portal da eternidade
Para os três mil mundos num único instante de existência.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
“Cidadão de bem” tem mesma essência que “Vagabundo”? Que isso Einstein!
Já dizia Albert Einstein que somos feitos da mesma matéria que as estrelas.
E eu concordo. Somos todos filhos do grandioso Universo, prenhes de todas as possibilidades.
Somos heróis e bandidos, bons e maus, carregamos 24 h por dia em potencial a vontade de sorrir, de gozar, de beijar, de matar, de bater, de violentar, de gritar, de acolher e de acarinhar. Tudo junto e misturado, e seguimos nossas vidas: "T'Amu Junto" diria desta vez o polivalente artista Suniá Torres.
Nestas tendências infindáveis que atravessam nosso cérebro e corpo em forma de fluxos e refluxos, úlceras, cócegas no estômago, quentura por detrás das orelhas, aceleramento cardíaco, tremedeira, leveza e suadouro entre outros, se revelam nossos múltiplos sentimentos e pensamentos a nos denunciar e gravar na nossa história quem somos e o que viremos a colher.
Neste abate e caça aos "vagabundos" cariocas que passa em rede nacional como se fosse um filme de ação de Hollywood, "os cidadãos de bem" urram, batem palma, se emocionam e sentem tesão inflamado com a demonstração de força desproporcional de 1.300 homens e mulheres (não despropositadamente homens em sua maioria e visão de mundo) "do Bem" e "da Ordem" atrás de 600 "vagabundo(a)s", acreditando na lógica cartesiana de que podemos maniqueistamente nos separar "como joio do trigo" dos últimos. Afinal de contas, pagamos nossas contas, lutamos para alimentar nossas famílias, sem jamais nos corrompermos com o jogo do bicho ou o caça-níquel da esquina, os DVDs baratos da pirataria ou subornar o "guardinha" para não ter o carro guinchado, nem muito menos batemos "de leve", afinal "um tapinha, um empurrãozinho e um rochinho não doem" em mulheres que provocam a ira masculina depois e mesmo antes de qualquer copinho de cerveja, ou de uma branquinha, ou de um baseadinho que compramos ali na boca sem maldade. Afinal são todos estes males menores. E que contundentemente não têm nada a ver com a gente, uma vez que não temos culpa se dvs são caros, se jogos do bicho e máquinas caça-níqueis são negócios de fachada para máfias armadas, se não estávamos com a documentação - caríssima por sinal - do carro em dia e os guardas são corruptos, se tem mulher "que merece porrada", e se o Estado e a sociedade(nós) hipócritas não nos deixam fumar nosso baseadinho, cheirar nosso pózinho em paz, e se o meu, o seu, o nosso dinheiro financia os traficantes que hoje queremos ver virar tiro ao alvo isto não tem mesmo nada a ver com a gente. Aliás, eu nem faço nenhuma das coisas acima listadas, só meus amigos é que fazem, e aí minha conivência moral é que muito menos vai ter alguma coisa a ver com isso, afinal em "vida de marido e mulher não se mete a colher" e já dizia mamãe que é sempre melhor, para a preservação do bom convívio social fingirmos que somos "surdos, cegos e mudos". O que não é problema meu, é problema do outro, ainda que este outro esteja conectado ao meu day by day.
Ahhhhhh, mas aquela adrenalina emocionante, que me sobe por dentro, me faz brilhar os olhos e ser vibrador da desgraça alheia, ahhhhh esta não faz mal mesmo. Afinal sentar vidrado em frente à TV para ver "vagabundo" morrer não me faz um monstro sanguinário, afinal eu sou "cidadão de bem", e o sentimento de gozo com o sofrimento alheio, com a barbárie, com a carnificina é o máximo que me faz chegar perto de ser da mesma matéria que o primeiro.
E ainda tem gente que a esta altura do texto não deve ter entendido a citação de Einstein. Maravilhosa humanidade que nos faz mais dos mesmos!!!
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
OLHAR
Criar valor a partir de tudo que acontece
É sabedoria
Por isso faça da sua dor poesia
E terás transformado sofrimento em alegria
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Olhar forte e vidrado
Que causa medo
É de igual essência do olhar apaixonado
Que despertara meu desejo
Porque gerou meu apego
Fiquei para ver o segundo
Muito embora subexistisse o primeiro
Contudo agora
Apenas martela em minha memória
Os rastros nefastos que deixam aquele
E este?
Incerto, já não me compra
Tenho ânsia de forjar a mudança
Sou artífice da perseverança
E minha andança eu não posso evitar
Continuo a caminhar
Na esperança de um dia me deleitar
Somente com os desenrolos
Que me fizeram sonhar
A partir dos encantos
deste multifacetado olhar
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Luanda Ribeiro do Nascimento
O que ou quem te afetam? De que forma? Por quê? Estas são perguntas essenciais para desvelar os mistérios do seu coração, ou seja, do seu padrão mental-emocional-comportamental.
Somos seres humanos, um microcosmo, um complexo de integrações com o meio ambiente circundante e devemos nos empoderar desta consciência. É a partir dela que começamos a prestar atenção nos mínimos detalhes aos nossos espasmos, reações e emoções e a nos libertar.
Se sentirmos e pensarmos de forma desapercebida, nossa vida escapará de nosso controle e seremos sempre presas fáceis de nossas próprias inquietações afetivas. Precisamos nos observar concentradamente e sentir responsavelmente, ou seja, devemos nos defrontar ativamente com nossos sentimentos, não devemos fugir deles, devemos senti-los e ao fazê-lo, vivê-los de forma que eles sejam devidamente processados.
Quem se apavora diante da dor e a tenta evitar tem como resultado cíclico sempre se machucar. Quem do medo se desvia, não cria na vida a oportunidade de ao senti-lo, entender seu mecanismo e superá-lo. Quem não chora, não coloca para fora aquele sentimento demasiado que o sufoca, e aos poucos por esta demasia vai se afogando em si mesmo.
Daí surge a sabedoria de diferentes cosmologias, da importância de nos focarmos no presente e de vivê-lo plenamente conscientes. Isto porque somente totalmente imersos da presentificação da vida que podemos avançar, que podemos construir e reconstruir, significar e resignificar, porque só totalmente presentes no presente, vivemos tudo que tem de ser vivido a cada momento, fechando tempo a tempo cada capítulo e termo da nossa história particular. Quando nos furtamos a este viver sincero, intenso e pleno, apenas nos dividimos em tempos inexistentes que bloqueiam nossos canais de contato com a realidade. E somente na realidade é que se realiza qualquer feito.
Quando nos damos conta da realidade presente e de como nos posicionamos diante dela é que conseguimos fazer as perguntas do primeiro parágrafo. E então passo a passo vamos descobrindo os abismos diante dos quais nos colocamos recorrentemente por nossos vícios afetivos, pelo nosso padrão sensível, de como encaramos a vida, as pessoas, de como pintamos todas estas relações diárias em nossos pensamentos enviando mensagens constantes ao nosso cérebro e corpo que se reflete em nosso comportamento e disposição diante das atividades e oportunidades do dia-a-dia.
terça-feira, 22 de junho de 2010
CANTO
De mim, desta fração de mim que não quer ter fim
Destes vícios, destes indícios de final feliz
A vida não é um conto de fadas, um engodo nem uma fantasia animada
A vida é tudo e é nada no sentido que a conferimos dentro de nossas almas
Quero cantar, cantar para manifestar mais de mim
Para assim conhecer-me à mim mesma, como a tudo que me circunda
Expirar ares profundos de novidade
Inspirar arte e felicidade dentre todas as eras e idades
Quero ser mais de mim, sou livre, sou entidade do Universo
Sou tudo, sou todos os mundos e posso
Voar, voe comigo, venha amigo, venha, tentar, ensaiar, buscar
Nesta jornada de descobertas e explorações fantásticas
Todas elásticas ao princípio de quem tem em seu ser o comprometimento
De ser e fazer feliz