sábado, 29 de janeiro de 2011

Viva!

De repente você me pareceu uma memória tão distante
Ao te olhar
De repente tudo ficou tão inconstante
Ao me relembrar
É mesmo estranha esta sensação de não-lugar
De não pertencimento ao teu lado ou ao de quem quer que esteja a, na minha vida, passar

Mas não chega a ser a estranheza da dor, nem tão pouco do desamor
E sim uma do tipo que chega para ficar, uma do tipo que te carrega junto com as ondas do mar
Castelos de areia pueris que se desmontam de tempos em tempos sem contudo destruir seu construtor pelo apego passageiro a sua obra perecível


Neste caso tão só a viagem é o combustível
Uma viagem em mim, por mim, para mim
Que assim como quem nada quer me conduz para mundos onde a visitação
mais do que fechada é impossível

Sou eu, e agora não mais um espelho das miragens e das paisagens que de tempos em tempos vem comigo cruzar

Sou eu pura, nua, crua e carnal
Real, num grande bacanal
Mas legal, para que eu possa desvendar os mais sordidos e ardidos segredos
Que somente uma alma em si e per si pode revelar

Na verdade não é você, nem ela, nem ele, nem eles, nem ninguém, nem nada
É tudo uma grande vivência exacerbada do eu
Do fantasticamente possível e irresistível eu que se apresenta irrefutável
Tomando de assalto todo meu espaço-vida
E sendo assim já não há mesmo saída

À mim, viva!

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