segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Meu nome é Amor!
Amor aberto e livre para quem quiser dele se enamorar
Amor revigorante e forte, que estrutura as bases de um coração inabalável
Amor verdadeiro que ao abranger toda forma de vida
Nada exclui, a nada nem ninguém se apega ou aprisiona
Amor que revoluciona na vontade de ser infinitamente compartilhado!
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Quanto?
E é tão bom
Quanto mais escuto mais aprendo sobre os mistérios da mente humana
E é tão gratificante
Quanto mais me expresso mais sinto o poder da libertação pela palavra, pelo diálogo nato e sábio
E é tão empoderador
Quanto mais ando, mais me canso da inércia vazia dos sofrimentos paralizantes e vivo
E é tão revigorante
Quanto mais pessoas deixo entrar em minha vida mais me surpreendo com o que elas podem me dar
E é tão integrador
Quanto mais eu choro mais deixo as lágrimas lavarem meu espírito
E é tão purificador
Quanto mais rio, mais saboreio a intensidade da liberdade de abraçar o mundo com meu sorriso
E é tão iluminador
Quanto maior o desafio mais convoco da minha coragem para enfrentá-lo
E é tão revolucionário
Quanto mais penso, mais me esqueço das maldades e dos obstáculos
E é tão incentivante
Quanto mais me transformo mais gosto de mim como era antes e de como tenho mais do que já era outrora com agregados de agora
E é tão anunciador de que para tudo esta é a hora
domingo, 13 de setembro de 2009
TUDO DENOVO
Se gosta ou não, se importa ou não, se me quer ou não
Nada é certo, e do incerto vive a omissão
Na falta de sua demonstração, de afeto, carinho, saudade ou cuidado além dos momentos em que estivemos juntos
Anuncio que já é a hora da partida
Não há porque permanecer insistindo em alguém que não me dá o menor motivo para que eu deseje ficar, para que eu anseie retornar
De todas as risadas, piadas, discussões, movimentações, mãos dadas, beijos e amor à dois ficaram as lembranças
Mas deveras agora aparentemente tão distantes na memória
Não desejaria uma história só de glórias
A vida é imprevisível, guarda surpresas, esperanças e desventuras
Mas para quem está à procura de uma solução em comum nada é derrota
Já num barco de dois onde só um rema, afundar pelo desequilíbrio é inevitável
Você de forma alguma foi um acontecimento desagradável para mim
Você de forma alguma será como um infortúnio ao fim
Você com certeza viu florescer muito da minha beleza em seus longos abraços
Dormindo nos teus braços, o sono das ninfas felizes
Mas de fato foi isto, nada mais que isto e nem fui eu que escolhi este desfecho
Não te enterro, não sofro, não choro, nem rio por sair de um sufoco
Apenas sorrio com a certeza de que faria tudo denovo
domingo, 30 de agosto de 2009
O que não acontece, também acontece
Fácil entender porque algumas coisas simplesmente não se sucedem
Não eram para ser e da forma mais natural que o curso de nossa história pudesse tomar a partir de nossas escolhas
Como um anúncio entrecortado cuja frase nunca chega a realizar seu sentido
Há amores idos
Não-fins doídos
Sentimentos perdidos
Mas nada em vão, tudo subsiste em nossa essência
Aquela que carrega cada pedaço de nossas múltiplas vivências
Experiências que encerram suas existências no tempo
Cíclico e sinuoso que demonstra sempre, em declive ou ascensão
Como chegamos aqui
E se chegamos foi tanto pelos sins quanto pelos nãos
Realmente tudo que acontece e não acontece de fato transcorre e escreve nosso destino,
Descarrila nossa missão e entrega nossa plenitude
Somos resultado inegável de cada atitude
terça-feira, 28 de julho de 2009
O que é justiça?
A bestialidade humana, assusta, machuca, fere e denuncia a pior parte daquilo que classificamos de ser humano.
De todo o mar do que nos torna humano corre feroz sangue rubro quase roxo de tão carregado das manchas de um caráter que como câncer parece não ter cura prevista.
Enquanto isto a gente senta no sofá da sala se aliena mais um pouco em meio nossas revistas, trocamos de canal, aumentamos o volume para não testemunharmos o óbvio:
o que transtorna a realidade alheia também nos toca e a nossa realidade transforma, quando não transfigura!
Queremos nos trancar para não ver, não escutar e não saber que sangue jorra como petróleo diante da omissão humana de fingir não saber, de fingir que sabendo e não se posicionando continuamos cúmplices da mesma batalha que mata a nossa humanidade, dia a mais dia a menos, não queremos, desta verdade notícias não queremos! Não podemos, não agüentamos olhar e ver que também há sangue em nossas mãos!
Grito: “O que é justiça?”
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Porque deseja penetrar-me nestes vai-e-vens assim?
O que te faz pensar que sou tua, que já estou na sua?
Considera-se o motivo de minha alegria ou tristeza, de minha suavidade ou aspereza
Não vê que é só de mim que brota toda e qualquer beleza?
Tu és complemento, e pode ser sim importante elemento do meu dia-a-dia
Compartilhar minhas risadas, minhas lágrimas, desejos e gozos, nostalgias
contudo nada disto lhe garante lugar cativo em minha biografia
Há que se renovar todo amanhecer e me re-envolver todo alvorecer
Há que se mostrar mais que ontem, me marcar mais que por um instante
Tens de ficar, tem de surpreender, e do tempo quando ao meu lado esquecer.
Tens que ser meu na admiração do honesto olhar, não na fugaz intensidade do tocar que facilmente se deixa levar.
Tens de ser corajoso, muito mais que amoroso, porque passageiras são as emoções e no final o que define nossos destinos são nossas decisões.
E então ainda está certo de que me tens?
Hummmm......... do que me importa se tomas o meu corpo e em quantos momentos se deveras não puder penetrar meus pensamentos?
Decifra-me ou te devoro, já disse a esfinge!
quarta-feira, 17 de junho de 2009
A visão budista do amor
Texto inspirado em Diálogo com Dra. Nazareth Solino*
O amor não é diretamente tratado no Budismo que ao invés da noção tradicional de amor a dois se foca no respeito e consideração pelos outros de modo geral.
Entretanto a única parte do Sutra de Lótus (sutra onde o Buda Sakyamuni revela o tesouro do estado de buda [iluminação] para toda a humanidade) em que se retrata o amor é o episódio da mãe das filhas-demônio que alimentava suas filhas com os filhos dos seres humanos, mas que a partir da revelação de Sakyamuni que poderia alcançar o estado de Buda – condição de vida de total iluminação e completude que nada pode corromper – passa a proteger não só suas filhas mas todos os filhos dos seres humanos que se dedicam a fé no Sutra de Lótus, o sutra do mais supremo respeito à dignidade humana.
Contudo o amor ao qual nos referimos quase sempre é o amor do tipo romântico, a dois, onde se atribui ao outro – o ser amado – todos os atributos e virtudes que nos fazem manifestar o amor, a paixão, a atração. É como se o ser amado trouxesse consigo toda a magia, o encantamento, a emoção, a paixão e uma vida intensa, pulsante e multicor. E que quando fosse embora também carregasse consigo todo este poder do amor.
Cita-se neste sentido Max Weber e sua teoria do líder carismático que teria os atributos da comoção das massas, e traria consigo toda uma animação e movimentação da população que identificando em seu líder o entusiasmo e as virtudes do bom governante junto com ele se levanta, mas que uma vez este indo também leva consigo toda a movimentação popular que sua força personalista ativou.
Nesta mesma linha com base no amor que temos pelo outro também usualmente pretendemos exercer um poder “em nome do amor” de dizer o que o outro deve fazer ou não “porque o amamos e por isso sabemos o que é melhor para ele/ela”.
Mas o que a Dra. Nazareth esclarece é que o amor saudável não seria desta forma, mas sim um amor para compartilhar, para visualizar sonhos e ideais conjuntos. Cita o presidente da SGI, Daisaku Ikeda: “É ótimo ter um companheiro para dividir o que já temos e não para preencher nossos vazios”.
Neste sentido a Dra. Nazareth nos fala de uma condição que elaboramos em nós mesmos, a de apaixonável. Ou seja, volta-se o foco da construção do mundo da magia e encantamento que o amor provoca de “um outro”, para nós.
Esta condição de apaixonável ocorreria na medida em que mudamos nossa forma de olhar para nós mesmos e para o mundo. A partir do momento em que celebramos a beleza e o encantamento em tudo com o que nos deparamos, quando procuramos propositadamente a beleza no mundo. Quando nos dedicamos a este exercício de enxergar o belo e o contentamento em todas as coisas é quando então produzimos em nosso organismo toda uma pré-condição de nos apaixonarmos.
Fica então fácil entender desta forma que a condição da paixão é produzida por nós mesmos, não é o outro que nos traz. Não há nada de mais especial no(s) outro(s) do que o que já estávamos dispostos, a procurar, a enxergar e a inspirar!
Nossos olhos são os que se enfeitam, são os que se tornam gratos pela visão selecionadora da beleza em tudo que contemplamos. Neste momento passamos a produzir o sentimento do amor, do bem-estar, da sintonia fina com o mundo e tudo que nos rodeia. Passamos assim a coletar como num trabalho de bricolagem o melhor de cada coisa, pessoa e situação, neste mesmo momento mudamos o foco de atenção do outro para nós mesmos e nosso poder de produzir este tipo de sentimento de integração com a beleza captada no mundo, ao qual correspondemos com o nosso melhor, o nosso Eu mais bonito, porque confiante e sereno. O nosso olhar está enamorado.
A Dra. Nazareth chega a fazer um paralelo deste estado com quando acabamos de “fazer um amor gostoso”. Neste exato momento quando pensamos em qualquer coisa tudo nos parece lindo, poético, fantástico. Isto é a condição de ALTA ENERGIA VITAL.
Contudo, brinca ela, não podemos “fazer amor gostoso” 24 horas por dia. Mas há outras atividades que podem cultivar esta alta energia vital. Certas pesquisas científicas apontam a afetação da meditação na produção de serotonina no cérebro humano. Isto explica em termos seculares um pouco do efeito “bioquímico” positivo que o daimoku (recitação do NAM MYOHO RENGUE KYO – ruído básico do ritmo do Universo revelado com base nos ensinos do Sutra de Lótus e que ativa nosso mais alto estado de vida), por exemplo, produz em nós.
Esta mudança do foco de poder do amor, de um poder do outro com seus atributos sobre nós, e de um poder restritivo do amor que toma a sua licença poética para dizer o que é bom ou mau para o “ser amado” para um poder criativo é que nos coloca na situação de apaixonáveis, de pessoas que constroem a partir de sua visão do mundo uma realidade bonita, admirável, esperançosa e que entra em ação na direção do cuidado consigo e com os outros, de apreço por si e pelos outros, pelo apreço originário pela vida por si só. De apreço pelo valor único e incomparável da dignidade da vida, que em todas as suas formas carrega esta condição mais elevada, incorruptível e pura de alta energia vital que emana toda a possibilidade de amor não só a dois mais por toda a humanidade.
É por isso que se costuma dizer que uma vez que já não estamos mais procurando por este amor específico, pessoal, nominal é que ele aparece na forma do “amor romântico”, a dois do qual falava no início do texto. Não por uma grande injustiça da vida, mas porque na medida em que treinamos nosso olhar para o belo em cada coisa, ampliamos automaticamente nosso espectro do amor, da possibilidade de realização apenas pela via de um ser determinado a qual delegamos a responsabilidade de corresponder ou não a anseios de um relacionamento amoroso, a toda uma gama de possibilidades encontradas em todas atividades e formas de vida com as quais nos deparamos. E é neste movimento, neste processo de alargamento da nossa capacidade de amar – como valorização do belo, do positivo em cada instante – que nos tornamos amáveis, maleáveis e sobretudo detentores de alta energia vital que passa a exalar naturalmente de nossos poros ao ambiente que nos cerca e que então nos retorna com seu melhor.
Encontramos o melhor porque nos tornamos ativamente melhores.
Fica assim percebido que o amor liberta e não aprisiona. Portanto quando o amor a dois se concretiza, nesta perspectiva ele vem na forma de um amor que reconhece no outro não atributos de poder (fascínio), mas que traz consigo algo para partilhar, como nas anteriormente citadas palavras de Daisaku Ikeda “é bom ter um companheiro mas para compartilhar o que já temos e não para preencher nossos vazios”. E comprovada que a paixão – os efeitos eufóricos que ela provoca nas nossas mentes – tem durabilidade, o que sustenta a juventude, o frescor do amor passados os 3 ou 6 primeiros meses de intensidade bioquímica pela chegada do outro em nossa vida, é a criação de uma relação onde ambos partilham algo a mais que o afeto e o desejo um pelo outro, onde partilham visões de mundo, idéias e sonhos. É na luta aventurosa ombro a ombro por nobres ideais que o amor nos engrandece, transborda a relação romântico-amorosa e transmite toda sua força transformadora ao mundo passando de uma relação egoísta a uma relação humanista. Esta é a força do compartilhamento de paixões positivas comuns, que continua ininterruptamente unindo corações ligados por uma mesma causa, este é o brilho, a alta energia vital que pode fazer bem-sucedido qualquer encontro com o outro.
*A visão e composição do presente texto são de inteira responsabilidade da autora deste blog, não necessariamente reproduzindo literalmente as palavras e idéias da Dra. Nazareth Solino cuja explanação sobre o tema apenas serviu de inspiração e ponto de partida para o escrito.